DADOS SOCIAIS E HISTÓRICOS DO ALGARVE E DE ALBUFEIRA


Não estão estudadas a fundo a raízes da cidade de Albufeira, embora tudo leve a crer que esta região era já povoada na pré-história e considerada uma importante povoação e porto marítimo.

Ocupada numa primeira fase pelos Romanos, o seu nome inicial era Baltum. Este povo introduziu pela primeira vez o conceito de organização administrativa e desenvolveu uma intensa actividade agrícola e comercial. Construiu ainda aquedutos, estradas e pontes, dos quais ainda existem vestígios.

Albufeira provém de árabe Al-Buhera, que significa "Castelo do Mar", nome que poderá estar ligado ao facto da sua proximidade do mar ou da lagoa que se formava na parte baixa da cidade.

Foram ainda os árabes quem desenvolveu notavelmente a agricultura, verificando-se a introdução de novas culturas, instrumentos e técnicas, tais como charruas, noras para elevação de águas e utilizaram, pela primeira vez, o adubo. A conquista da vila deu-se no reinado de D. Afonso III, com muita dificuldade e só após um cerco apertado. A 20 de Agosto de 1504 (data em que se comemora o feriado municipal), D. Manuel I concedeu o Foral à Vila de Albufeira.

O violento terramoto de 1755 destruíu a quase totalidade da Vila deixando apenas umas poucas edificações intactas. A reconstrução levou anos e Albufeira começou a recuperar de tamanha tragédia.

No Séc. XIX a actividade piscatória promoveu um grande impulso económico. A exportação de peixe e frutos secos foram os principais meios de lucro da região. Albufeira das cidades a sul mais fustigada pelas catástrofes naturais. O terramoto foi, no entanto, a catástrofe que mais estragos causou com o mar a invadir a vila, destruindo quase todos os edifícios.


 

 Breve história da região (*)

 

O território definido como a província do Algarve pertenceu à antiga província romana da Lusitânia, tendo posteriormente feito parte dos domínios visigodos.

No ano de 711, Tarik ibn Zyad passa o Estreito de Gibraltar e derrota o rei dos visigodos, Rodrigo, na batalha de Guadalete. Em 712, Abd Al-Aziz Ben Mussa conquista o "Gharb Al Andaluz"; sendo Andaluz (palavra de origem latina que significa Terra dos Vândalos) o nome dado ao território da Península Ibérica ocupado pelos Árabes, significando a palavra Gharb, Ocidente, ou, Al-Gharb, O Ocidente.

Da palavra árabe "Al-Gharb" deriva a actual palavra portuguesa Algarve. Em 750, a dinastia Abássida (de Bagdad) destronou os Omíadas (de Damasco). A dinastia Omíada (Ben Umaia) teve continuidade na Península Ibérica, com a conquista desta por Abd Ar-Rahman Ben Umaia, que, em 756, estabeleceu o Califado omíada de Córdova.

Em 1091 dá-se a queda da dinastia Omíada e estabelecem-se no Andaluz os "1ºs Reinos da Taifas", a de Silves e a de Faro, no território actual do Algarve. Destacam-se como governantes destes reinos os poetas Al-Mu'tamid e Ibn'Amar. Os Almorávidas (Al-Murabitun), provenientes do Sara Ocidental, unificam o Al-Andaluz e estabelecem a sua capital em Sevilha.

Em 1143 dá-se a fundação de Portugal. Em 1144 estabelecem-se os segundos Reinos das Taifas: o governo dos Muridines (filósofos sufis) e do místico Ibn Caci em Silves. Em 1147, a dinastia berbére  Almóada (Al-Muahadin) reunifica o Al-Andaluz. Em 1189, o Rei de Portugal, D. Sancho I, auxiliado pelos cruzados, conquista Lagos (Az-Zauia) e Silves (Chelb) pela primeira vez. Em 1190, o Almóada Yacub Al-Mansur ( Almançor) conquista o Gharb Al-Andaluz, retomando as localidades algarvias em poder dos portugueses. O poder Almóada termina em 1230 com o estabelecimento dos 3º Reinos das Taifas.

Em 1241 Lagos e Silves são conquistadas definitivamente pelos cristãos, comandados D. Paio Peres Correia, mestre da Ordem de Santiago. Em 1249, no reinado de D. Afonso III de Portugal, o Algarve fica totalmente conquistado pelos portugueses. Desde então, e até à proclamação da República, em 1910, os monarcas portugueses passaram a ostentar o título de "Rei de Portugal e dos Algarves".

O contributo da cultura árabe na Península Ibérica foi marcante na arquitectura, agricultura e técnicas de rega, artes de pesca e de construção naval, literatura, matemática e geografia, bem como na maneira de ser e fisionomia das gentes, e em mais de 600 vocábulos na língua portuguesa.

Esta região do Algarve tem novo ressurgimento com o estabelecimento das bases, na primeira metade do século XV, pelo Infante D. Henrique, da exploração marítima e comércio da costa ocidental africana e ilhas atlânticas. Os conhecimentos náuticos obtidos pela expansão marítima e exploração das costa ocidental africana , ficaram conhecidos por "Escola de Sagres". Para organizar o comércio atlântico, foi estabelecida a Casa da Guiné e da Mina, em Lagos, onde também se estabeleceu o primeiro mercado de escravos. Após a morte do Infante, em 1460, a Casa da Guiné e da Mina foi transferida para Lisboa.

Facto marcante da história económica do Algarve foi, a partir dos finais do século XIX, aproveitando a abundância de peixe nas suas costas, o estabelecimento de uma nova indústria, trazida por italianos e franceses, a das conservas de peixe. Os produtos  oriundos do mar, bem como a cortiça, os frutos secos e os citrinos, foram a base das produções do Algarve, até que, a partir da década de sessenta, após a abertura do Aeroporto de Faro, e até hoje, o turismo e todas as actividades correlacionadas, se tornaram numa das principais actividades económicas da região.

"Um paraíso", escreveu no seu diário sobre o Algarve, o primeiro turista, em 1801, o inglês Robert Southey, preso em Lagos por vagabundagem.


O Algarve actual

A província do Algarve, com uma área total de 4.954,5 quilómetros quadrados, e uma população aproximada de 345.000 habitantes, é a região mais ao Sul de Portugal Continental. 

A estrutura administrativa da província do Algarve, é composta pelo Governo Civil do Distrito de Faro, 16 Municípios e 79 Freguesias, CCRA (Comissão de Coordenação da Região do Algarve), ARS/Algarve (Administração Regional de Saúde) e diversas Delegações Regionais - orgãos desconcentrados do Governo. Existe ainda a R.T.A. (Região de Turismo do Algarve), orgão responsável pela promoção turística do Algarve e, nessa medida, executa, promove e apoia os principais eventos que se realizam na região. 

A capital administrativa da província do Algarve é Faro e o maior concelho em termos de área geográfica é o de Loulé com cerca de 765 quilómetros quadrados. Ao todo, são 16 os municípios desta província - a mais ao sul de Portugal: Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Monchique, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira, Vila do Bispo e Vila Real de Santo António. 

Clima

O clima, em toda a Região Algarvia, é mediterrânico oferecendo uma temperatura tão deliciosa em Novembro como no auge do Verão, em pleno mês de Agosto. Senão vejamos: a temperatura média do ar situa-se entre os 12,2º no Inverno (Janeiro) e os 30º no Verão (Agosto).

A temperatura da água do mar oscila entre os 14,3º em Janeiro e os 21,3º em Setembro. Em termos de tempo solar, o Algarve usufrui de qualquer coisa como 3.065 horas de Sol durante os 365 dias do ano.

A Praia e o magnífico Sol que as cobre constitui a principal atracção, motivo pelo qual o Algarve se transformou nos últimos 15 anos na principal região receptora de turismo do nosso país.

Os empreendimentos vocacionados para a recepção do turismo começaram a implantar-se na região há perto de trinta anos e hoje, quer os empreendimentos de Vale do Lobo e da Quinta do Lago, sediados na Freguesia de Almancil, quer outros mais recentes que se têm implantado em todo o litoral oferecem aos seus clientes condições ímpares em todo o mundo.

Recursos Naturais

A região do Algarve possui uma diversidade de recursos naturais de grande riqueza, designadamente as praias, a paisagem e a fauna, de importância decisiva para o bem-estar dos turistas que nos visitam nas mais diversas alturas do ano. Para além da vertente turística de que o Algarve passou a depender fortemente, a região continua a depender essencialmente da agricultura e das pescas.

Ao longo de 220 kms de faixa costeira do Algarve existem dois tipos principais de caracterização do litoral algarvio:  o litoral de erosão, que vai de Odeceixe a Sagres, na costa ocidental, e de Sagres a Albufeira, na costa sul.

É de constituição essencialmente rochosa, formando extensas falésias em contacto com o mar ou recuadas, cobertas por uma vegetação alegre e harmoniosa. Apresenta numerosas praias de grande qualidade e rara beleza, recortadas por falésias, muito diversificadas no tamanho e na forma, de que são exemplos as praias da Arrifana, Martinhal, Meia Praia, Praínha, S. Rafael, Oura e Olhos d' Água.

O litoral de acumulação, situado na parte sul-oriental  do Algarve, entre Albufeira e Vila Real de Santo António, apresenta formações arenosas e sedimentares. Nesta zona, o clima é mais ameno e as praias são constituídas por extensos areais, mas nem por isso de menor beleza. Um passeio pelo Parque Natural da Ria Formosa, que se estende desde Cacela Velha à Quinta do Lago é pois indispensável. 

A alegria e o Sol juntam-se nos mais diversos recantos, quer nas praias como nas unidades hoteleiras, para horas de prazer, de puro divertimento amenizador de um merecido descanso em tempo de férias, o que constitui, de certo modo, a base do principal recurso da região - o turismo.

Valências turísticas e desenvolvimento

A litoral, estão as mais belas e acolhedoras praias do mundo, apoiadas por unidades hoteleiras que proporcionam aos seus clientes excelentes condições de habitabilidade, complementadas pelos requintados serviços que estão aptas a prestar.

Os magníficos campos de golfe que se estendem por toda a região, completam a oferta a litoral. 

No interior, são as belas paisagens, a gastronomia, os produtos naturais e os hábitos tradicionais, a base da oferta turística, muito apreciada por todos os visitantes.  

O artesanato é outra das grandes valências existentes na região, oferecendo produtos naturais e genuínos, como o mel, o pão caseiro, o azeite e a aguardente de medronho, entre outros. Utensílios tradicionais que ainda hoje são fabricados pela mão do artesão local, completam a oferta tradicional e característica do Algarve. 

Desfrute o que o Algarve tem de melhor. Durante a época baixa, pode visitar o interior ou os campos de golfe, no barrocal ou na serra, junto dos produtos tradicionais ou nos acontecimentos - festas populares e religiosas, encontrará um outro Algarve bem mais genuíno e tradicional que, estamos certos, lhe agradará totalmente.

De acordo com a Comissão de Coordenação da Região do Algarve, em termos económicos existem três pólos de desenvolvimento:

- O Turismo, caracterizado como o verdadeiro motor de crescimento económico da região, levando por arrasto outros sectores como o comércio e a construção civil;
- A Agricultura onde coexistem práticas e culturas tradicionais (frutos secos e produções de subsistência) e actividades modernas e rentáveis viradas para o mercado (hortícolas e frutos frescos onde se destacam os citrinos), tem como limitação, ter de concorrer com o Turismo na utilização dos solos e na procura de mão-de-obra;

- A Pesca, como sempre, com grande importância a nível nacional, tem revelado uma quebra de rendimento devido, entre outros factores, ao atraso tecnológico da frota, que agora parece estar em renovação, e à sobre-exploração de alguns recursos.

Ainda segundo a CCR/Algarve, a partir da década de 70, o Algarve tem-se revelado a região nacional mais atractiva em termos demográficos. Com um crescimento médio anual de 0,5% na década de 80, a sua população cifra-se em 345.810 habitantes em 1995. Este crescimento populacional, revela aquela entidade, deve-se às migrações e não resultado do movimento natural, registando-se um envelhecimento demográfico, especialmente no interior.

(*) INFORMAÇÃO COLHIDA EM http://www.regiao-sul.pt/algarve/  


Reis, Rainhas e Presidentes de Portugal

 

D. Sancho I

 


 

D. Sancho I

D. Sancho I


Segundo rei de Portugal, filho de D. Afonso I e de D. Mafalda. 

Casou em 1174 com D. Dulce de Aragão. Por volta de 1170 passou a comparticipar da administração pública, pois o seu pai estava doente. Após a morte de seu pai foi solenemente aclamado em Coimbra. 

Foi um grande administrador, tendo acumulado no seu reinado, um verdadeiro tesouro. Protegeu a fomentou a indústria, o povoamento das terras foi uma das suas maiores preocupações, criou concelhos e concedeu cartas de foral. Conquistou Silves, que era na altura uma cidade com 20000 a 30 000 habitantes a uma das mais ricas cidades do ocidente peninsular a também Albufeira. 

Passou a intitular-se rei de Portugal a dos Algarves. Perdeu-se novamente Silves a os mouros reconquistaram novamente Alcácer, Palmeta a Almada, ficando apenas Évora na mão dos portugueses. 

Grande conflito surgiu durante o seu reinado com o prelado da cidade do Porto, tendo-se o rei oposto ao clero duma maneira extraordinária. No final da sua vida reconciliou-se com o clero. 

No campo da cultura, o próprio rei foi poeta a enviou muitos bolseiros portugueses a universidades estrangeiras.

 

Ficha genealógica:

D. Sancho I, nasceu em Coimbra, 1154, e morreu em Coimbra a 26 de Março de 1212. Casou em 1174 com D. Dulce, que  nasceu em 1152 e morreu em Coimbra a 1 de Setembro de 1198, filha do conde de Barcelona, Raimundo Berenguer IV, rei de Aragão, e de D. Petronilha. Tiveram os seguintes filhos:

1. D. Teresa, nasceu em Coimbra por volta de 1175; rainha de Leão, em 1191, pelo casamento com D. Afonso IX, de quem se separou em 1196; entrou em religião por volta de 1228; morreu em Lorvão, com o título de infanta-rainha, a 18 de Junho de 1250; beatificada pela bula Sollicitudo Pastoralis Offici de 13 de Dezembro de 1705);

2. D. Sancha, nasceu em ano incerto, anterior a 1182; morreu no Mosteiro de Celas, a 13 de Março de 1229, sendo o corpo levado para Lorvão. Foi beatificada em 1705;

3. D. Constança, nasceu ao redor 1182; faleceu solteira a 3 de Agosto de 1202;

4. D. Afonso II, que herdou a coroa;

5. D. Pedro, nasceu em Coimbra a 23 de Fevereiro de 1187; residiu em Leão; foi conde de Urgel e rei das Baleares, tendo morrido em 2 de Junho de 1258);

6. D. Fernando, nasceu em 24 de Março de 1188; foi conde de Flandres pelo seu casamento com D. Joana, filha do conde Balduíno; esteve na batalha de Bouvines; morreu em Noyen a 4 de Março de 1233;

7. D. Henrique, nasceu em 1189 e morreu a 8 de Dezembro de ano incerto, sendo ainda jovem;

8. D. Raimundo, nasceu em ano incerto, tendo falecido depois de 1189;

9. D. Mafalda, nasceu em ano incerto, por volta de 1190; foi rainha de Castela em 1214, sem consumar o matrimónio com D. Henrique, filho do rei D. Afonso VIII, que faleceu de acidente em 1217; freira em Arouca, morreu em Rio Tinto (Amarante) a 1 de Maio de 1256; beatificada por breve papal de 27 de Junho de 1793;

10. D. Branca, nasceu por volta de 1192, tendo morrido solteira em 17 de Novembro de 1240, estando sepultada em Santa Cruz de Coimbra;

11. D. Berengária, nasceu c. 1195; rainha da Dinamarca, em 1214, pelo seu casamento com Valdemar II (1202-1241), morreu em 1221.

O monarca teve os seguintes bastardos de D. Maria Aires, de Fornelos: 

12. D. Martim Sanches, nasceu em data incerta; passou a Leão; morreu em  1229;

13. D. Urraca Sanches, casou com D. Lourenço Soares, tenente de Viseu e Lamego, neto de Egas Moniz; morreu depois de 1256.

De D. Maria Pais Ribeira, a célebre Ribeirinha, filha de D. Paio Moniz, teve D. Sancho I os seguintes filhos:

14. D. Rodrigo Sanches, nasceu em data incerta, e morreu em 1245, no combate de Gaia; sepultado no Mosteiro de Grijó;

15. D. Gil Sanches, nasceu em data incerta; faleceu em 14 de Setembro de 1236;

16. D. Nuno Sanches, que morreu de tenra idade;

17. D. Maior Sanches, que morreu de tenra idade;

18. D. Constança Sanches, nasceu em Coimbra no ano de 1204; professou no Convento das Donas; morreu em 8 de Agosto de 1129, estando sepultada em Santa Cruz;

19. D. Teresa Sanches, nasceu em data incerta; segunda mulher de D. Afonso Telo de Meneses, senhor de Albuquerque; morreu em 1230.

 

Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976

Joaquim Veríssimo Serrão,
História de Portugal, Volume I: Estado, Pátria e Nação (1080-1415),
2.ª ed., Lisboa, Verbo, 1978